CONSTRUINDO O FUTURO
À medida que estamos à beira de avanços tecnológicos potencialmente transformadores, particularmente na inteligência artificial e na perspectiva da superinteligência artificial (ASI), é imprescindível refletir profundamente sobre esses desenvolvimentos.
INTEGRIDADE
Sem absoluto respeito à integridade científica, corremos o risco de ocultar nossas fraquezas e de exagerar nossas teorias. A integridade científica é o que nos impede de nos iludir nessa busca pela verdade. Em uma era marcada por ambições excessivas e desinformação, a integridade científica de iniciativas tecnológicas frequentemente se encontra comprometida. E, sem essa integridade, os resultados dificilmente serão sólidos. Conscientes disso, antes de pensarmos em investir na construção do futuro, é essencial garantir sua base de integridade.
Em sociologia, aprendemos que para prever o futuro, é preciso compreender o passado e o presente - vastos repositórios de experiências humanas. Em nossas pesquisas sociocientíficas, frisamos que devemos dar uma atenção especial ao presente, pois, ele vai impactar o futuro muito mais violentamente do que o passado. Assim, compreendendo o presente, especialmente os acontecimentos, inovações e descobertas mais relevantes, até que podemos olhar para o futuro e enxergar e palpar alguma coisa.
Entretanto, o futuro está sujeito às influências de uma profusão de eventos imprevisíveis. Assim, mesmo as previsões mais meticulosas, se tornam nebulosas quando compreendemos que o futuro é modelado por eventos aleatórios. Mas não é pecado perscrutar o que podemos esperar do futuro, com base numa boa compreensão do presente, especialmente nos âmbitos da computação e da inteligência artificial. Seria muito fácil prometer os destinos mais ideológicos, psicologicamente sugestivos e confortáveis, estética e filosoficamente atraentes e fáceis, ou apostar no apocalipse. Mas a verdade geralmente é sóbria demais, fria, psicologicamente desconfortável, filosoficamente difícil, e por isso o que propomos é uma alternativa mais simples:
Fazemos um chamado para um esforço colaborativo entre investidores, pesquisadores e formuladores de políticas para navegar de forma responsável pelas complexidades do desenvolvimento da ASI, visando aproximar o Brasil das fronteiras do conhecimento e das iniciativas em outros países com objetivos semelhantes. Acreditamos que iniciativas como a nossa esbarram naquelas que, muito provavelmente, são as mais importantes questões da atualidade.
Podemos prever ou compreender com precisão as ações de uma entidade superinteligente?
Como garantimos que nosso conhecimento acompanhe tecnologias que evoluem rapidamente?
Que metodologias podemos empregar para entender e guiar o desenvolvimento da ASI de forma responsável? Essas perguntas destacam a necessidade de humildade epistêmica enquanto navegamos por territórios tão complexos quão desconhecidos. Reconhecer as limitações de nossa compreensão é o primeiro passo para desenvolver estruturas que possam se adaptar a novas realidades.
Assim, não oferecemos uma visão utópica ou distópica do futuro. Não pretendemos exagerar nenhuma verdade, tese ou teoria, ou tampouco pretendemos impor quaisquer restrições e condições que limitem a liberdade de pensamento e julgamento; uma liberdade importante para o desenvolvimento das faculdades criativas e da ciência, tanto quanto fundamental para a construção do futuro com as devidas sensibilidades. Não podemos enxergar o futuro muito além do que nos é permitido fazer agora. Entretanto, temos acesso a um superpoder computacional em expansão exponencial, incomparável com qualquer pedaço de tecnologia em que já pusemos as mãos. O mais incrível (e assustador) é que esse poder tecnológico quase 'alienígena' não precisa de praticamente nenhuma instrução para ser usado.
Presentemente, atuamos como um hub que visa atrair talentos, produzir conhecimento científico, compartilhar conteúdos, recursos e informações, promovendo eventos, palestras, cursos e seminários, estabelecendo os primeiros espaços físicos e digitais para a divulgação científica, promoção de nossas iniciativas, e publicações e conclusões de nossas experiências.
O nosso próximo passo será marcado pelos estudos da viabilidade de desenvolvermos laboratórios e centros de pesquisa com foco em computação neuromórfica, computação quântica e outros paradigmas computacionais tradicionais e inovadores, projetados para as pesquisas, a inovação e o desenvolvimento da próxima geração da IA.
E numa última instância, desenvolvendo a cultura correta - estribada na integridade científica -, acreditamos que podemos aproximar os talentos brasileiros das pesquisas e iniciativas nas fronteiras do conhecimento em todo o mundo, diretamente envolvidas na revolução aberta e descentralizada da AGI, no advento da ASI, e na aplicação da IA em transformações positivas de setores da vida social.